Qual a data que Jesus nasceu? parte 2

Por Marivan Ramos

Como dizíamos anteriormente (Qual a data que Jesus nasceu? parte 1, artigo postado em fevereiro de 2011/ http://marivanramos.blogspot.com/2011/02/afinal-qual-data-que-jesus-nasceu-parte.html) o ensino de Ario (Jesus não é Deus) causou forte polêmica no seio da Igreja a ponto de ser convocado, aquilo que viria a ser, o primeiro concílio universal de Nicéia no ano 325.
O concílio contava com aproximadamente 300 bispos de todo o mundo (ecumênico) e condenaram as idéias de Ario. Sendo assim, o concílio elaborou o primeiro símbolo (credo=crer). O credo de Nicéia que juntamente com o credo de Constantinopla (381), símbolo ou credo Niceno-Constantinopolitano tornou-se o credo do catolicismo que, aliás, rezamos hoje em nossas liturgias.
Sendo assim o concílio professou: “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos. Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; gerado, não criado, consubstancial ao Pai...”  
Entretanto, após alguns anos em algumas regiões não encontrava um único bispo que defendesse o credo proposto por Nicéia, tal era à força da heresia de Ario, que se espalhava rapidamente, mesmo tendo sido condenada pela Igreja.
A Igreja sob o pontificado de Júlio I (340) pensou que a melhor maneira de refutar o ensinamento de Ario seria difundindo a festa do nascimento de Jesus, pois dessa forma cresceria a consciência, do povo, que Jesus é Deus desde o seu nascimento; Menino-Deus. Mas para isso seria necessário estabelecer uma data fixa, uma vez que nesse período, como mencionamos na parte 1, não se tinha uma data fixa para a celebração desse evento na Igreja.
E qual seria a melhor data? Uma vez que a bíblia não fornece uma data específica. A melhor data deveria ser uma data muito festiva, celebrada em todo o império e que fosse um marco nessa disputa com o arianismo.
Aqui é necessária uma explicação para melhor compreendermos a escolha de uma data forte que marcasse o dia da natividade de Nosso Senhor até os dias de hoje.
No hemisfério norte, que está situado acima da linha do Equador, o mês de Dezembro se vivencia a estação do inverno (o contrário de nós no hemisfério sul que vivenciamos a estação do verão) e nesse período temos o Solstício de inverno (http://pt.wikipedia.org/wiki/Solst%C3%ADcio) de inverno, nesse período o dia fica mais curto e a noite mais longa, de tal modo que o dia 21 de dezembro é o dia mais curto em todo o ano. Para as mentalidades primitivas sempre ficava a dúvida, será que o sol vai desaparecer? Será que o sol foi vencido pela escuridão? Mas a partir do dia 22 os dias começavam, aos poucos, ficar mais cumpridos trazendo com isso a certeza de que o sol triunfava sobre a escuridão. Por esses motivos que no dia 25 de dezembro tornou-se a festa mais celebrada de todo o império, pois marcava a vitória do Sol Invicto, isto é, da vitória da luz sobre as trevas.
Bom, depois dessa explicação acredito que ficou fácil saber por que o dia 25 de dezembro tornou o dia que a Igreja católica celebra o nascimento do Menino-Deus, pois essa data, 25 de dezembro, era muito difundida em todo o império. Agora só precisava incorporar argumentos cristãos (teologia) para que essa festa pagã se torne uma das maiores festas da cristandade.
Esses argumentos, que falei acima, surgiram sem nenhum esforço, diga-se de passagem, pois, para os cristãos Jesus Cristo é o verdadeiro Sol. O profeta Malaquias já afirmara em seus escritos que ao chegar o fim dos tempos, “brilhará o Sol da justiça, cujos raios serão a salvação” (3,20). Também o evangelho de São Lucas nos diz, “nos visitará um nascer do Sol para iluminar aqueles que vivem nas trevas e nas sombras da morte” (1,78). E ainda o livro do Apocalipse nos revela, “A cidade não precisa do sol ou da lua para a iluminarem, pois a glória de Deus a ilumina, e sua lâmpada é o Cordeiro” (21,23). Somam-se a esses argumentos mais esse; assim como as trevas pareciam vencer a luz, a morte também parecia vencer a vida, mas com a ressurreição de Nosso Senhor a vida venceu a morte, a luz venceu as trevas.
Foi dessa maneira que a Igreja encontrou uma poderosa pedagogia para trazer uma verdade de fé revelada para os povos e aos poucos essa festa da natividade de Jesus Cristo tornou-se conhecida em todo império até que no ano de 535 o imperador Justiniano decretou o dia 25 de dezembro como data fixa para celebrar a data da natividade de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas, seria essa a verdadeira data do nascimento de Jesus Cristo? Uma vez, como vimos que essa data, 25 de dezembro, era a celebração de uma festa pagã.  
Bem, tentaremos responder a essa questão numa outra ocasião.
Fiquem com Deus e até a próxima.

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