Judaísmo e Cristianismo irmãos na fé

escrito por Marivan Ramos

É interessante perceber que o Brasil mesmo sendo um país laico (Entendo com isto que: país laico é aquele cujo a religião não interfere na República), herdou alguns costumes e tradições advindas da religião judaica, isto apenas para falar de Brasil, mas isso se aplica a todo o mundo ocidental cuja religião predominante é o cristianismo.

Pode-se perceber a influência dessa religiosidade, judaica-cristã, seja na arte, na organização da sociedade através de seu calendário, nos nomes dado as pessoas, enfim a herança religiosa, que trata da dimensão do sagrado, está quase de forma indelével imprimida nesse nosso mundo ocidental de certa maneira secularizado (Aqui entendido como a perda da dimensão mistérica da vida, também expressa na fé religiosa) com o passar dos tempos.

Claro que, num primeiro momento, essa herança, judaica-cristã, se deu graças à imposição imperial, pois um dia o cristianismo foi à religião oficial do império do ocidente (romano), como também por ser a única religião possível dentro da cristandade e isso se deu anos a fio. Porém vale ressaltar que mesmo o cristianismo como religião dominante não conseguiu subtrair os valores do mundo semita sedimentados pela religião judaica. Mesmo em um momento histórico onde houve verdadeira aversão do cristianismo pelo judaísmo a sociedade ocidental foi pintada pelas cores da religião judaica.

Essa influência, do judaísmo no cristianismo, encontra-se como lugar comum, entre a fé cristã e a fé judaica, em muitos aspectos, tal fora a influência que a religião judaica, representando a cultura oriental, transmitiu ao cristianismo representando o mundo ocidental, tais como:
< · A Criação;
< · A Revelação de Deus;
< · A crença no Deus Um (monoteísmo);
< · A Aliança;
< · O messianismo.
< · A Redenção.

Essas características dizem do que tem em comum entre as duas religiões, judaísmo e cristianismo, e sem perder de vista aquilo que é própria de cada uma, isto é, sua identidade.
Nesse sentido, pode-se notar que essa religiosidade judaica além das características citadas acima, de cunho espiritual, também marcou a sociedade ocidental nas questões práticas, pois a fé judaica monoteísta implica um comportamento ético e moral, e essas questões marcaram sobremaneira o cristianismo e por extensão o mundo ocidental. Esse comportamento, ético, embora muitas vezes pode não ser observado, até mesmo ignorado, mas, via de regra, nossa fé cristã nos impõe esse, digamos assim, dever social. Exatamente a partir daquilo que nossa crença demanda.

E toda essa nossa cultura ocidental, ou seja, esse nosso jeito de ser, é, até hoje, fruto desse relacionamento entre duas diferentes tradições religiosas no seu desenvolvimento, mas similares na sua gênese, que nasceram do outro lado do mundo, mas souberam impor, não pela violência, mas pelo esmero da prática existencial aquilo que toca o ser humano, e com isso marcaram profundamente a história do mundo ocidental, que outrora, esse mesmo mundo ocidental, através de seu comportamento, queria por meio da violência, da força, impor seu modo de vida para todos os povos conquistados (Aqui falo da conquista e imposição da cultura (modo de viver) helênica como força dominante via violência), entretanto essa cultura pela força não prevaleceu, pois encontrou na tradição, de um modo específico, do povo de Israel tamanha força para resistir (Reporto-me aos acontecimentos no século II a.C., dos quais narra as Escrituras, sobre a revolta dos macabeus como resistência e uma mudança de mentalidade animada pela literatura apocalíptica) e continuar com sua forma de viver que parte sempre do princípio da experiência religiosa fundada na liberdade.

Por isso a força dessa relação, entre o judaísmo e o cristianismo, feita de encontros e desencontros ao longo da história, marca profundamente nossa sociedade e toda sua vida, seja ela política, econômica, ou religiosa, pois mesmo a sociedade civil arrogando o direito de viver uma total laicidade, jamais poderá abrir mão daquilo que foi a construção da própria sociedade, isto é, a identidade do seu povo, o jeito como nós nos entendemos. A maneira como nós fomos, ao longo dos séculos, educados para conceber a vida e todas suas vicissitudes a partir de nossa crença religiosa. E principalmente a fé que nos impulsiona em busca de um mundo melhor.    

 

Comentários

  1. Marivan,
    Perdão mais não posso concordar com tanta ingenuidade. Não é uma crítica A sua pessoa, mas a tudo que nos foi ensinado para que continuemos ingênuos assim. Aí vai um link de um texto bastante esclarecedor a respeito da da relação histórica entre judaísmo e cristianismo http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/e-o-mundo-ocidental-quase-foi-judeu

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    1. Olá Ivani. Muito obrigado por deixar seu comentário. Gostaria, se me permite, reagir ao mesmo. Bem, você diz que o texto em questão é muito ingênuo e está em conformidade com o que foi ensinado para que continuemos na ingenuidade. Pois bem, o que normalmente fomos acostumados a pensar foi exatamente como o texto que você me sugeriu a ler através do link, ou seja, relações sempre marcadas por tensões e inimizades. Neste ponto eu concordo com você, de fato, um bom período da história houve essa mancha, mas não deixe-se levar por apenas uma opinião, assim como a minha reflexão parte de uma convicção pessoal e apoiado em textos e práticas do Magistério da Igreja, as pessoas podem ou não comungar com aquilo que é dito, mas dizer que é ingenuidade, me perdoe, mas é nadar contra a maré. É exatamente isto que a Igreja busca, superar a tensão, os medos e as inimizades, se houve períodos da história que o ódio prevaleceu entre judeus e cristãos, também é verdade que aconteceu momentos na história que prevaleceu o respeito e o amor entre os mesmos, pois, sobretudo da parte cristã, percebe-se que nossa fé surge de uma mesma matriz. Mas considero sua crítica e apenas peço para que você avalie com cuidado seus juízos de valores e que sua referência de opinião não seja meramente através de um blog, mas que se apoie em algo que muito mais do que relatar sobre a história, faça história. Um grande abraço, Uma vez mais agradeço seu comentário, pois me possibilitou expor meu ponto de vista e que Deus nos abençoe. SHALOM!

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