UMA QUESTÃO SÉRIA

Papa busca conter Aids e admite uso da camisinha

Quarta-feira, 24 de novembro de 2010 - 11h47min
por ALC
Cidade do Vaticano, segunda-feira, 22 de novembro de 2010 (ALC) - O papa Bento XVI, que condenou o uso de preservativos em 2009, admitiu agora que eles podem ajudar a conter a proliferação da Síndrome de Imudeficiência Adquirida (Aids), especialmente no caso da prostituição masculina.
A manifestação suscitou aplausos de Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS, órgão criado pela Organização das Nações Unidas para combater a propagação do vírus HIV. Sidibé disse que a declaração do papa é "um passo adiante significativo e positivo do Vaticano". Mas a repercussão do elogio, ao criar a expectativa de avanço da compreensão da luta humana pela saúde, levou o Vaticano a "explicar" as declarações do pontífice.

O Vaticano divulgou nota, ontem, destacando que "o uso de proteção seria um ato de responsabilidade moral, ainda que as camisinhas não sejam realmente o caminho para lidar com o mal da infecção pelo HIV". O comunicado minimizou as palavras do papa, enfatizando o contexto de uma entrevista e que ele falou de certos casos.

O porta-voz oficial do Vaticano, padre Federico Lombardi, disse que não há qualquer viés revolucionário ou de mudança de paradigma no fato de Bento XVI ter admitido o uso da camisinha. "As palavras do papa não significam reforma ou mudança dos ensinamentos da Igreja", insistiu.

O papa "quis reforçar a dignidade da sexualidade humana como uma expressão de amor e de responsabilidade", agregou, no sentido de alertar a população mais pobre para a necessidade de garantir "o exercício responsável da sexualidade".

Durante a visita de Bento XVI à África em 2009, a caminho de Camarões, ele afirmou que a Aids "não pode ser combatida apenas com dinheiro, nem a distribuição de preservativos, pelo contrário, eles aumentam o problema". A afirmação provocou reações e condenações das autoridades da área da saúde, e gerou fortes protestos de parlamentares da Bélgica e da Espanha.

A intenção da reação da Cúria era suavizar a posição diante da boa recepção da declaração pelos ativistas que combatem a proliferação da Aids, lutando para reduzir os riscos de contaminação. O Vaticano, mesmo reconhecendo a intenção pastoral e a urgência da necessidade do preservativo como forma de proteção, pareceu ameaçado pela palavra pastoral, afirmando sua autoridade, sem referir-se aos infectados e aos que contrairão a doença por não usarem o preservativo.

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