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Mostrando postagens de março, 2011

Holocausto, não – Shoá, sim!

Marcos Wasserman, presidente do Centro Cultural Israel-Brasil, em Tel-Aviv (Israel) Tenho uma vizinha que é um modelo de alegria de viver. Às sete horas da manhã ela vai nadar na piscina do bairro, dedica o resto dia a assistir conferências, visitar bibliotecas, e suas noites são sempre ocupadas com teatros, concertos ou palestras. Essa mulher não para. Super-ativa. É uma jovem de 85 anos. Tendo sobrevivido ao morticínio, ela chegou a Israel após a II Guerra Mundial. Naquela época, Israel, ainda incipiente, fez de tudo para acolher os sobreviventes. Mas nem tudo foi um mar de rosas, conforme ela me contou. Muitas vezes ouviu comentários, até ofensivos, de incrédulos que não podiam se conformar que os judeus tenham sido levados às câmaras de morte, como simples rebanho, sem reagir. Decorreram anos até que ela e outros, vencendo seus impedimentos mentais e tentando enterrar as tragédias nos fundos de suas consciências, resolveram abrir afinal a boca e contar o que aconteceu. O que j

Com-paixão: a mais humana das virtudes - Leonardo Boff

Três cenas aterradoras: o terremoto no Japão, seguido de um devastador tsunami, o vazamento deletério de gases radioativos de usinas nucleares afetadas e os deslizamentos destruidores, ocorridos nas cidades serranas do Rio de Janeiro, provocaram em nós, com certeza, duas atitudes: compaixão e solidariedade. Primeiro, irrompe a com-paixão. A compaixão talvez seja, entre as virtudes humanas, a mais humana de todas, porque não só nos abre ao outro, como expressão de amor dolorido, mas ao outro mais vitimado e mortificado. Pouco importam a ideologia, a religião, o status social e cultural das pessoa. A compaixão anula estas diferenças e faz estender as mãos às vitimas. Ficarmos cinicamente indiferentes, mostra suprema desumanidade que nos transforma em inimigos de nossa própria humanidade. Diante da desgraça do outro não há como não sermos os samaritanos compassivos da parábola bíblica. A com-paixão implica assumir a paixão do outro. É transladar-se ao lugar do outro para estar junto dele,

A ESPERANÇA COMO PRINCÍPIO DINAMIZADOR DA CAMINHADA HISTÓRICA DA HUMANIDADE.

 De Marivan Ramos Refletindo sobre a questão da vida deparei-me com a morte. E pensei, mas o que a morte tem a ver com a vida, se aí de fato estão dois aspectos opostos? Será? Ainda pensando com meus botões. Então refleti com a certeza de não encontrar a resposta, mas com a certeza de buscar nessa realidade, chamada vida, suas contradições e complexidades que lhes são próprias. Se de fato o ser humano faz planos, realiza   projetos e está em busca de novos horizontes é porque, de fato, a esperança, no amanhã, é o princípio dinamizador da caminhada histórica da humanidade (princípio-esperança). É, portanto confiando em que irá existir um amanhã que faz o ser humano manter vivo seu projeto histórico. Para nós, seres humanos, estarmos dispostos a viver se faz necessário ter sonhos e serão exatamente esses sonhos (projetos) que nos colocarão em busca de realizá-los, e a isto podemos dar o nome de esperança, portanto a esperança é essa expectativa que criamos na busca de realizações dos nos

ORIGEM ANTROPOLÓGICA DA RELIGIÃO

Os antropólogos ensinam que, desde sua aparição no planeta terra, os humanos demonstram capacidade em sentir a presença de algo que não aparece, mas -de uma ou outra forma- se ‘revela’. Um tremular do capim na trilha do caminhante revela a possível presença de uma cobra, o que constitui para nós uma preciosa ajuda na vida e é uma das razões do sucesso do homem na caminhada da evolução. Nossa capacidade em sentir o estranho e misterioso abre caminhos novos, não só no sentido de nos prevenir diante do perigo (a mordida da cobra), mas igualmente de dar sentido ao emaranhado confuso de eventos que defrontamos na vida. A partir da capacidade em costurar eventos ‘revelados’ num enredo coeso, construímos um sentido para nossas vidas. Em outras palavras, o organismo humano está munido de instrumentos de atenção diante do que se lhe revela e tem condições de inserir essa experiência dentro de um enredo coeso. Eis a origem da religião, segundo os antropólogos. A bíblia hebraica está repleta d

A Bíblia e a historicidade dos fatos

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por Ildo Bohn Gass O presente artigo faz parte do livro Porta de Entrada ,  o primeiro de oitos volumes da coleção Uma introdução à Bíblia .  Pedidos (com 10% de desconto na coleção) para vendas@cebi.org.br    A Bíblia não é um livro de ciências e nem um livro de história Assim como os livros da Bíblia não são livros de ciência, assim também não podemos lê-los simplesmente como livros de história. A Bíblia é como um espelho em que, através da história do povo hebreu, está refletida a história da humanidade. Eis por que identificamos quase espontaneamente situações que o povo de Israel viveu com situações que estamos vivendo hoje. Assim também identificamos personagens da Bíblia com personagens de nosso tempo, como se Caim e Abel, Abraão e Sara, Moisés e o Faraó, Jeremias e Amós continuassem no meio de nós. A Bíblia é interpretação da história Nem tudo o que está narrado nos livros da Bíblia conhecidos como históricos aconteceu do jeito como está escrito. É que, mais do que fazer um

O TEMPO LITÚRGICO DA QUARESMA

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I.            INTRODUÇÃO A palavra quaresma vem do latim quadragesima (período de 40 dias), são os dias que vão da Quarta-feira de Cinzas até a Quinta-feira Santa, antes da Missa da Ceia do Senhor. O tempo litúrgico da Quaresma tem como sentido a grande preparação para a solene festa da Páscoa, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O tempo litúrgico da Quaresma tem sua origem nos primeiros séculos. Já nos séculos II e III era costume nas comunidades fazer alguns dias de jejum em preparação à Páscoa. Já nos séculos III-V esse era um período de preparação dos catecúmenos (catequizando) para receber o sacramento do Batismo, a ser celebrado na Vigília pascal, e já contará um período de 40 dias. II.         DESENVOLVIMENTO 1. O número 40 e seu significado bíblico         O número 40 é simbólico e pode ter seu significado, como por exemplo, pelo tempo necessário para a realização de uma missão ou ainda o tempo de uma geração uma vez que no período bíblico a expectativa de vida

CF 2011: SOCIEDADE SUSTENTÁVEL, UM NOVO PARADIGMA CIVILIZACIONAL

Questão ecológica, novo areópago da evangelização - Subsídio para a Campanha da Fraternidade 2011 "Até quando vocês vão desprezar a natureza, pela ambição de acumular e consumir (e se consumir), e assim, apodrecer o Planeta Terra irresponsavelmente?” (Atualização de Ex 16,28) Introdução A 1ª parte do texto, abaixo, trata-se de uma síntese da 1ª parte do TEXTO-BASE da Campanha da Fraternidade de 2011, que trata do VER a situação de aquecimento global e das mudanças climáticas que estão em curso. Realidade tremendamente preocupante. A 2ª parte do texto, abaixo, trata-se de um artigo escrito por frei Gilvander Moreira e frei Cláudio van Balen a partir de Gênesis 1 a 11, que pode inspirar a construção de uma Sociedade Sustentável, um novo paradigma civilizacional necessário e que deve ser construído com urgência. É difícil, mas possível. 1ª Parte – VER "Fraternidade e a vida no planeta”, eis o tema da Campanha da Fraternidade de 2011, proposto pela CNBB. "A criação gem

CNBB ABRE CAMPANHA DA FRATERNIDADE NA QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Na próxima quarta-feira, 9, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente a Campanha da Fraternidade 2011 (CF), que tem por tema: “Fraternidade e a Vida no Planeta” e lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22). O ato de lançamento nacional, aberto à imprensa, acontece no auditório Dom Helder Câmara, na sede da CNBB, em Brasília, às 14h30, e será presidido pelo secretário geral da Conferência dos Bispos, dom Dimas Lara Barbosa. A programação será bastante objetiva, iniciando com a apresentação da mensagem do papa Bento XVI, saudando a Campanha. Em seguida, o secretário executivo da CF, padre Luiz Carlos Dias, exporá os objetivos da Campanha, bem como a dinâmica de sua realização nas dioceses, paróquias e comunidades do país. O secretário geral da CNBB, dom Dimas Lara Barbosa, encerra o ato falando sobre as expectativas da Igreja com a Campanha. Terminada a cerimônia, dom Dimas atende os jornalistas, numa coletiva de imprensa. Esta é a 47ª Campanha da Fr

O PAPA BENTO XVI ACREDITA QUE O RISCO DA INTERNET É QUE A OPINIÃO PREVALEÇA SOBRE A VERDADE

  O Papa Bento XVI afirmou hoje que os riscos que se correm com o uso da internet são a perda de privacidade, a superficialidade nas relações e que a opinião mais convincente prevaleça sobre a verdade. No discurso dirigido hoje aos participantes da reunião do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais sobre o tema “Linguagem e Comunicação”, o Papa assinalou que as novas tecnologias não apenas estão mudando o modo de comunicar, mas que também estão propiciando uma vasta transformação cultural. O Bispo de Roma assegurou que as novas tecnologias estão propiciando um novo modo de aprender e de pensar, assim como uma nova linguagem. “Os riscos que se correm estão à vista de todos: perda de privacidade, relações superficiais, falta de emoção e a prevalência da opinião mais convincente sobre o desejo de verdade”, afirmou. Bento XVI acrescentou que por isso se faz necessária, de maneira urgente, uma reflexão sobre as linguagens desenvolvidas pelas novas tecnologias e que o ponto de